segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Roe v. Wade

Em 1969, Roe ( o seu verdadeiro nome era Norma McCorvey) tentou fazer um aborto legal em Dallas, no Texas, baseando-se no facto de que, segundo o seu testemunho, a gravidez tinha sido consequência de violação. No entanto, o seu pedido foi-lhe negado, uma vez que tal facto não se conseguiu provar. Ela teve um filho e deu-o para adopção. No ano seguinte, duas advogadas iniciaram em seu nome um processo contra o Estado do Texas, o qual teve em Henry Wade o seu advogado de defesa. Apesar de a decisão ter sido em benefício da proponente (mesmo tendo ela admitido que tinha mentido em relação à suposta violação), o Tribunal não acatou o seu desejo por completo, o qual ia no sentido de restringir as leis anti-aborto. Assim, o caso Roe v. Wade acabou por chegar ao Supremo Tribunal dos EUA, o qual, no dia 22 de Janeiro de 1973 decidiu a favor de Roe. Dada a importância de tal decisão, este acontecimento é tido por todos como o momento da legalização do aborto nos EUA.
Desde então, esta data é anualmente escolhida por todos aqueles que se definem pro-life para se juntarem numa grande manifestação em Washington e reclamarem a revogação da lei. Apesar de não ser oficialmente uma organização da Igreja Católica, muitas paróquias e dioceses americanas mobilizam-se e organizam viagens para permitir a participação do maior número possível de pessoas. Jovens, escolas e universidades, antigos proprietários de clínicas privadas onde se efectuavam abortos, médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, religiosos e religiosas, seminaristas, sacerdotes, bispos e cardeais, no meio de muitos anónimos, dão a cara pela defesa da vida desde o momento da concepção. Apesar de os analistas nunca coincidirem nos números, foram seguramente várias as centenas de milhares de pessoas que participaram nesta manifestação na passada sexta-feira.
Discute-se, e nunca se vai deixar de o fazer, acerca das verdadeiras razões que estão por detrás de um acontecimento como este:
- razões políticas: será uma manifestação de força e capacidade de mobilização por parte do partido republicano?
- razões económicas: será legítimo que o dinheiro dos impostos de todos seja gasto numa opção pessoal de alguns?
- razões religiosas: será uma forma de a Igreja Católica "impor" os seus valores éticos sobre toda uma população?
Pelo menos uma coisa é certa: é uma defesa clara e pública daquilo em que se acredita e se defende como o caminho a seguir.

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