quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

As nossas dependências

Estar vivo é ser dependente; estar vivo e ser dependente é viver permanentemente dependente da Graça de Deus”. Esta frase é uma citação de Gerald May no seu livro “Addiction & Grace” (Harper One, 1988). Ele parte de uma definição bastante abrangente de “dependência”: “é todo e qualquer comportamento compulsivo e habitual que limita a liberdade do desejo humano”. Desta forma abarca tudo ou quase tudo o que faz parte da nossa vida diária. No fundo o que determina a sua existência é a liberdade que deixa ao ser humano e não a bondade ou maldade desse determinado comportamento. Ou seja: um acto moralmente bom pode ser considerado "dependência" se limitar a minha liberdade. Ele apresenta inclusive uma vasta tabela de dependências que vão desde a cafeína e os gelados, o álcool ou a droga, até aos amigos, ao casamento ou à família. O amor de uma mãe pelos seus filhos pode ser considerando “dependência”? Um sacerdote pode ser dependente da generosa e abnegada entrega à sua paróquia? À partida parece que não.
Talvez convenha esclarecer, à luz do seu pensamento teológico, o que é que ele entende por liberdade. Ele parte do princípio de que todos nós fomos criados por Amor e para Amar. E o amor exige liberdade. “A liberdade foi-nos dada com um objectivo: que possamos escolher livremente, sem qualquer tipo de coacção ou manipulação, amar a Deus e uns aos outros (…) este é o mais profundo desejo do coração humano”. Mas a nossa liberdade não é perfeita. “Espiritualmente, as dependências são formas bem arreigadas de idolatria. Os objectos das nossas dependências tornam-se os nossos deuses. (…) Desta forma as dependências ocupam o lugar e substituem o amor de Deus como fonte e objecto do nosso mais profundo e verdadeiro desejo.
Concordemos ou não, faz pensar!
E para já fico por aqui. Prometo voltar com novos episódios.

1 comentário:

MiradeJesus disse...

Olá amigo José.
Como dependemos um do outro pelo laço da Amizade, tomei a liberdade de fazer este breve comentário que não é uma obrigação mas apenas o resultado de me ter lembrado que já não visitava o teu blog havia uns tempos e que depois de ler o teu texto me deu vontade de escrever todas estas palavras apenas para te dizer de novo "OLÁ".
Já agora, um abraço também.

P. Vítor Mira