Nos primeiros séculos da Igreja Católica o sacramento da Penitência revestia-se de uma dimensão pública muito forte: o penitente, depois de confessar o seu pecado, via ser-lhe limitada a participação na vida da comunidade e revestia-se com trajes próprios de penitente público até ao dia em que, tendo cumprido a penitência imposta, era acolhido de volta no seio da comunidade a quem tinha ferido com o seu comportamento. Embora não fosse público o pecado, era pública a penitência.Ontem, Tiger Woods, ídolo máximo do mundo do Golf, convocou os meios de comunicação para fazer uma declaração sobre o seu passado de comportamentos irresponsáveis e egoístas (I am deeply sorry for my irresponsible and selfish behavior I engaged in ), a sua situação presente de arrependido (For all that I have done, I am so sorry. ), e a sua determinação em voltar a ser aceite no seio daqueles a quem feriu e desiludiu (I owe it to my family to become a better person. I owe it to those closest to me to become a better man. That's where my focus will be).
Abstenho-me de quaisquer tipo de juízos em relação a esta atitude. Mas, pergunto-me: que sentido faz, num mundo em que a ideia do pecado está tão diluída, um homem sentir-se "obrigado" a uma confissão pública dos seus erros para poder sonhar com uma plena reintegração familiar, social e desportiva? Faz parte da terapia psicológica a que está a ser submetido? Foi pressionado pelos patrocinadores para que a sua imagem possa voltar a vender? Foi um imperativo moral por ter desiludido aqueles que o consideravam um exemplo de dedicação à família, ao desporto e às causas sociais suportadas financeiramente pela sua Fundação? Que mundo estranho e difícil de compreender é este em que vivemos!
A fotografia fala por si e podia perfeitamente ser usada em qualquer folheto de divulgação das celebrações penitenciais desta Quaresma.
PS: Para uma leitura integral da declaração de Tiger Woods:
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