quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Thanksgiving Day

A quarta quinta-feira de Novembro é um dia especial neste país. A história conta-nos que ele começou por ser celebrado em Setembro por um grupo de colonos franceses, em meados do século XVI, no actual Estado da Florida, como festa acção de graças pelas colheitas e pela alegria de viver na terra da liberdade e de todas as oportunidades. American dream!
Actualmente é o dia em que a família - tantas vezes dispersa por diferentes Estados - procura encontrar-se, confraternizar e comer o tradicional peru. Em NY, o dia começa com o grande desfile do Macy’s (Macy’s Thanksgiving Day Parade), o maior centro comercial da cidade, dando-se desta forma oficialmente início à época de compras natalícias. Para milhões de americanos, a tarde deste dia está reservada para assistir a um dos mais importantes jogos de futebol americano da época.
O facto de, na cultura norte-americana, este dia não estar associado a nenhuma religião em especial, permite que todas as pessoas, independentemente do credo que professam, possam sentir-se unidas num mesmo sentimento de acção de graças. Na paróquia onde me encontro, depois da Eucaristia – cujo primeiro significado é “Thanksgiving” – há uma mesa posta para todas as pessoas que queiram entrar, almoçar e conviver. Ao lado da Igreja, num prédio de cerca de 20 andares, está instalada uma prisão. O capelão, os funcionários e os guardas prisionais que estão de serviço – e por isso longe da família - passam por aqui. Uma família de Washington que tirou estes dias para visitar NY não sabia onde ir almoçar, pois a maior parte dos restaurantes estão fechados. Pais, três filhos e uma avó entraram e partilharam a mesma mesa. Uma senhora idosa, mesmo não o querendo admitir, parecia estar sozinha neste dia. Entrou, comeu e esteve connosco algum tempo.
É difícil de encontrar melhor maneira de terminar este ano litúrgico. No evangelho que a Igreja americana escolheu para a liturgia deste dia, um dos dez leprosos curados por Jesus voltou para trás para se ajoelhar diante dele numa atitude de acção de graças, Thanksgiving.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

De "cidade de vidro" a "cidade de luz"










Quando vos apresentei as primeiras fotos, falei-vos da "transformação" da cidade a que se podia assistir ao entardecer. A sensação é bonita. Durante o dia, olhamos para aqueles monstros envidraçados que reflectem a luz do sol, tornando impossível qualquer tentativa de ver o que está por de trás, do lado de dentro. Podem dizer-nos muito em termos de beleza arquitectónica e da harmonia que sobressai da conjugação das mais variadas formas geométricas que adquirem. Mas dizem-nos pouco ou nada em termos de humanidade. Porém, ao anoitecer, a iluminação interior permite-nos perceber que afinal são habitados e que ali há vida, muita vida! Ao mesmo tempo que o sol se vai apagando, os pequenos focos de luz que vêm de dentro de cada escritório, apartamento ou andar vão-se multiplicando a grande velocidade. Até que a escuridão da noite se adensa e ficamos novamente limitados à fachada exterior, desta vez feita de milhares de pontos luminosos.
Espero que as fotos dêem para transmitir a sensação. Foram todas tiradas de cima da Brooklyn Bridge.
PS1: este texto foi uma forma de passar o tempo num engarrafamento quando voltava para casa ao fim da tarde. Deu para isso e para muito mais...
PS2: gostava de escrever um comentário acerca de um vídeo do YouTube, mas com o vídeo incorporado na mensagem. É possível, não é? Como?

sábado, 15 de novembro de 2008

O MUNDO PRECISA DE HERÓIS

Como forma de assinalar o dia dos Seminários, partilho convosco o cartaz que serve de suporte à campanha vocacional na diocese de NY. Gostam do cartaz? A mensagem é forte! Faz apelo a uma realidade que toca de perto muita gente neste país: heroísmo, guerra, forças armadas, morte em combate, sofrimento das famílias, etc. É impressionante a frequência e a forma como se reza pelos militares nesta terra!! Quanto ao cartaz, só tenho um pequeno "senão": não estou plenamente convencido de que este tipo de mensagem seja o mais apropriado para a promoção da vocação sacerdotal. Talvez porque não sou americano, quem sabe?
Quem quiser saber mais, visite http://www.nypriest.com/

terça-feira, 11 de novembro de 2008

“O ciclo da vida pós-moderna”



Depois de um editorial de circunstância e de umas fotos para desanuviar, à terceira vez a "coisa" torna-se mais séria!


Este é um livro que estou a ler com bastante agrado. Nem sempre acontece gostarmos daquilo que temos que ler e do qual temos que dar provas, certo? Lembrei-me de vos falar dele porque o considero bastante útil, principalmente para quem gosta de reflectir sobre o mundo em que vivemos. Será que o percebemos? Será que nos percebemos?
No fundo, o autor pretende aprofundar e colocar em paralelo/confronto as várias etapas (infância, adolescência, etc) e dimensões (física, psicológica, emotiva, religiosa) da vida humana no contexto da cultura actual em geral - tida por pós-moderna - e da experiência religiosa em particular.
Gostava de começar por partilhar convosco a definição que ele dá de "pós-modernidade":



“ Os estudiosos da pós-modernidade dizem-nos que todas as tentativas de descrever e explicar de forma abrangente a sociedade, a história, o comportamento humano e o próprio sentido da vida desapareceram. A pós-modernidade foi e é vista como o tempo em que tudo é fluido e flexível, multiforme e contingente, rápido e efémero.”



Digo-vos sinceramente que a primeira reacção que tive ao ler esta frase foi de algum desconforto. Não existe só uma explicação e muitos menos para toda a realidade que nos rodeia. Todos gostamos de conhecer o chão que pisamos, de ter o mínimo de certezas a nosso respeito e a respeito do mundo que nos rodeia. Mas parece que isso hoje é muito difícil de conseguir, senão mesmo impossível. Se prestarmos atenção à vida que levamos e a tudo o que nos rodeia, acabamos por perceber um pouco daquilo que o autor pretende dizer. Telecomunicações, informação e Internet; encontro/mistura/confronto de raças/etnias/culturas; diferentes - e até contrárias - visões do mundo, de Deus, do valor da vida, do futuro da humanidade; instabilidade emocional, profissional, económica, familiar, social; etc, etc, etc. E embora tudo isto seja bem mais real aqui do que (you get it, right??), é fácil de perceber que o fenómeno é global e envolve-nos a todos.
Antes de avançar com mais “teoria”, gostava de vos propor que comentassem a citação do livro que fiz acima a partir da vossa experiência do dia a dia. Qual a percentagem de “coisas” na nossa vida que temos por certas, definidas e definitivas? Não se trata de desejar adivinhar o futuro ou de viver envolvido em dúvidas existenciais. É uma questão de saber até que ponto estamos conscientes daquilo que somos aqui e agora.


PS1: Muito obrigado pelos vossos comentários. Vêm claramente de pessoas amigas, mas quando aparecem como anónimos... O feedback torna-se mais difícil.


PS2: Afinal estava enganado acerca da razão que fez o passado dia 4/11 ser tão importante: não foram as eleições na América nem o início deste blogue, mas sim - a ver pelos vossos comentários - o aniversário de várias pessoas amigas!! E ainda dizem que não há coincidências...


PS3: Ao Pe Vítor Mira: Providence? Porque não?!


PS4: Para quem não gosta de filosofias, eu tenho mais fotografias!!!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Algumas fotos












Quando pensei neste espaço, imaginei-me a partilhar alguns assuntos sobre a sociedade em que vivemos e que estivessem de alguma forma relacionados com aquilo que actualmente ocupa os meus dias, o estudo. Por outro lado, não seria de admirar se aqui deixasse desde já alguns comentários sobre a expressiva vitória de Obama nas eleições da passada Terça-feira. Teremos tempo para isso...



Para não começar com coisas muito sérias - tanto mais que este é ainda só o segundo comentário do blogue - deixo-vos algumas fotos da cidade. De vez em quando tiro uma tarde e faço de turista, perdido no meio de avenidas sem fim, edifícios que parecem romper os céus, táxis e mais táxis, multidões de carros e pessoas que nunca mais acabam. No regresso a casa, ficam algumas fotos (umas digitais outras mais interiores) que partilho convosco.



A Brooklyn Bridge, que liga Downtown (sul de Manhattan) e Brooklyn, dá para atravessar a pé e é um espaço muito agradável, principalmente porque nos permite ter uma vista espectacular sobre a cidade, tanto de dia como de noite, como é o exemplo da foto do meio. Eu gosto de lá ir especialmente ao anoitecer, porque o panorama é mais bonito ainda: uma "cidade de vidro" dá lugar a uma "cidade de luz". E fica a cinco minutos de casa... A terceira foto é da fachada do Rockefeller Center, onde já está em pleno funcionamento, desde o princípio de Outubro, o ringue de patinagem no gelo. Daqui a pouco tempo lá estará também a famosa árvore de Natal. A bandeira de Portugal não se vê na foto mas está lá, na parte lateral esquerda.




PS: o alinhamento das fotos está original, não está?! Depois de várias tentativas, cansei-me e deixei ficar assim!!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Editorial


Há sempre uma primeira vez para tudo!!
Por isso, decidi também eu começar esta "aventura informática" e criar este espaço. "Quem diria?!", pensarão vocês com muita razão...
Não sei muito bem o que vai ser o futuro deste blogue. Aliás, nem sequer posso assegurar que tenha futuro. É no fundo uma forma de, de vez em quando, sair um pouco do "mundo" onde actualmente estou inserido, viajar por este "outro mundo" chamado virtual e, quem sabe, chegar a alguma longínqua mas sempre acolhedora praia lusitana. Esta ideia de viver no meio de não sei bem quantos milhões de pessoas e ter sensação de que se está sozinho (ou quase...), assusta!
Durante muito tempo, olhei para este mundo dos blogues pessoais como uma espécie de terapia psicológica, como se a cadeira recostada do Freud tivesse sido substituída por um simples teclado. E a verdade seja dita: sempre fica mais barato e muitas vezes acaba por ter o mesmo efeito. Outras vezes, isto fazia-me pensar no "mundo adolescente" daqueles que se refugiam na Net e se recusam a crescer. Outras vezes via-o simplesmente como uma nova forma de comunicação que está cada vez mais ao nosso alcance. Outras vezes...
Para mim, muito sinceramente, não passa de uma brincadeira/passatempo. Por isso, não esperem grandes revelações pessoais ou desabafos sentidos/chorosos. Até porque, ao escrever, faço-o para quem já me conhece e não para ser conhecido, lido e – muito menos ainda – largamente comentado.
Por isso, aquilo que vou fazer é enviar o link desta "coisa" para meia dúzia de amigos e passar por aqui quando tiver vagar para deixar quatro ou cinco linhas escritas.
Pode ser? Então: até já!!

PS: acham que escolhi bem o dia para iniciar este espaço? 4 de Novembro de 2008! Ninguém se cansa de repetir que este é um dia histórico para a América e para o mundo!! Enquanto eu estou aqui comodamente sentado a escrever, milhões de americanos lá fora estão a votar e a decidir o seu futuro e o nosso. Obama ou McCain? Também gostava que este meu blogue ficasse para a história!!!