segunda-feira, 15 de junho de 2009

10 de Junho

Apesar de não ser esta a primeira vez que estou fora de Portugal, nestes últimos dias e pela primeira vez senti um pouco mais o que significa ser emigrante e viver longe da nossa terra. Dá-me a impressão que o 10 de Junho deve ser o único feriado nacional que nenhum emigrante deixa passar em claro.
Na passada Quarta-feira, realizou-se mais um encontro mensal dos portugueses residentes em NY. Não são muitos nem estão constituídos em clube ou associação. Simplesmente se reúnem uma vez por mês para estreitar laços e pôr um pouco a conversa em dia. Para mim é também uma oportunidade de conhecer alguns espaços desta cidade que de outra forma dificilmente conheceria. Este último realizou-se no 230 Fifth, um bar situado no terraço de um hotel da 5ª Avenida. Por estarmos no 20º andar, tínhamos mesmo em frente dos nossos olhos o Empire State Building bem iluminado. Só foi pena que estivesse um pouco frio, mas nada é perfeito...
Ontem, Domingo, realizou-se o desfile português (portuguese parade) em Newark, NJ. A cerca de 30 minutos de distância, mas com outro ambiente e outro tipo de pessoas. Bandeiras e mais bandeiras, t-shirts vermelhas e verdes, ranchos folclóricos, clubes de futebol e cheiro de sardinhas no ar ao longo da famosa Ferry Street. Portugal em todo o seu esplendor!!
Quão longe estão as formas de pensar e ser português entre quem sempre viveu em Portugal e aqueles que fazem a sua vida noutras paragens! Basta tentar colocarmo-nos por alguns segundos dum e doutro lado para o percebermos.
Tenho pena de não vos poder deixar fotos nem dos portugueses em frente ao Empire State Building nem a comer sardinhas na Ferry St.
Uma coisa é certa: somos todos portugueses!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Teilhard de Chardin

Pensavam que eu já tivesse abandonado este espaço??!! Não o farei sem vos dizer... Aqui fica mais uma pequena partilha.

Partida: Grand Central Station, NY, 16H30. Durante mais de 2 horas percorremos toda a Hudson Line que, como o nome indica, ladeia a margem do Hudson River. Caminhando contra a corrente, foi um desfilar de bonitas paisagens cheias de um forte verde primaveril. Pequenas enseadas, belas mansões escondidas por detrás da vegetação, uma central nuclear, etc.
Destino: Poughkeepsie (Pugkípsi, para quem tiver dificuldade em ler palavras complicadas, como eu). Porquê esta terra? Até há umas décadas atrás, existia aí um grande e importante seminário jesuíta, bem na margem do rio. Com a diminuição de vocações, acabou por ser vendido. Hoje, à entrada, encontramos uma placa a dizer: Culinary Institute of America. Em vez de padres, formam-se ali os melhores chefes de cozinha a nível mundial! As voltas que o mundo dá...
Do antigo seminário e residência jesuíta resta apenas o cemitério. Aliás, era esse, desde o início, o nosso destino. Como esperado, ali fomos encontrar a sepultura de um grande homem e pensador católico do século passado: Pierre Teilhard de Chardin!
Teólogo, filófoso, geólogo, cientista, procurou ao longo da sua vida conciliar de forma harmoniosa a teologia e a ciência. Durante o tempo em que viveu, não conseguiu convencer os seus pares, tanto de um lado como de outro. Mais recentemente os seus méritos têm vindo pouco a pouco a ser reconhecidos. O papa Paulo VI dizia a seu respeito: " O padre Teilhard é um homem indispensável para os nossos tempos: necessitamos da expressão da sua fé."
Impedido de leccionar, refugiou-se primeiro, durante largos anos, na China e, finalmente, em NY. Morreu em 1955.